A viuvez masculina e a solidão!

A sociedade, de uma forma milenar e constituída intrinsecamente pelo cuidado feminino, apresenta uma menor expectativa de vida para os homens em relação às mulheres. De acordo com os dados do IBGE de 2023, um homem com 60 anos no Brasil tem a expectativa de viver mais 20,7 anos, enquanto as mulheres têm a expectativa de viver mais 24 anos. Esse é apenas um dado estatístico, mas, apesar dele, devemos considerar diversos outros fatores: o estilo de vida, a profissão exercida ao longo dos anos, o ambiente em que se vive, o histórico clínico, entre muitos outros aspectos.

Apesar disso, e embora as mulheres tenham uma tendência quase natural a ficarem viúvas, nem sempre é o que acontece, devido a eventos avassaladores da vida que podem contrariar todas as estatísticas. Assim, é fundamental dedicarmos especial atenção ao tema discutido hoje no blog: a viuvez masculina. O título aborda a relação entre viuvez masculina e solidão não com foco em estereótipos, mas com o objetivo de aprofundar essa discussão além dos casos práticos: morar sozinho, cuidar de si mesmo, não ter a companheira.

Vamos juntos compreender mais sobre esse fenômeno!

A construção social da masculinidade e o mundo contemporâneo

O livro de Pedro Paulo de Oliveira nos convida a abandonar o conceito de masculinidade que conhecemos, construído sob o senso comum patriarcal: a ideia de que a maioria dos homens pensa apenas em si mesmos, não quer compromisso, não é responsável pelos cuidados com a casa e os filhos, entre outros julgamentos impostos pelo “júri popular” da internet, das rodas de amigos e das conversas de bar.

É importante esclarecer que discutir o tema não visa minimizar questões como a masculinidade tóxica, cuja relevância é inquestionável, mas ampliar a discussão e reconhecer claramente o conceito de masculinidade e sua construção social. O objetivo não é justificar atitudes, mas analisá-las. Afinal, como dizia Simone de Beauvoir: “Todos os homens são mortais”, mas devemos lembrar que nem todos são tóxicos.

A masculinidade não é biológica. Uma pessoa pode nascer homem, ser do sexo masculino, mas o “ser masculino” — ou, para ser mais claro, o “ser másculo” — é uma construção social. Esse conceito se transforma ao longo do tempo. Por exemplo, no período medieval, os homens ocupavam os maiores postos de poder, mas também enfrentavam os riscos e responsabilidades de confrontos bélicos. Tradicionalmente, a masculinidade foi associada à dominação, poder e violência, enquanto a feminilidade, ao cuidado, carinho e segurança.

Na sociedade moderna, as transformações sociais questionam os princípios tradicionais da masculinidade: o avanço dos movimentos feministas, a maior participação feminina no mercado de trabalho e a crescente aceitação da diversidade sexual. Essas mudanças trazem impactos econômicos e culturais significativos. Muitos homens mais tradicionais ainda se apegam aos conceitos antigos de masculinidade.

Essa construção é frequentemente reforçada por instituições religiosas que, em aliança com a família, legitimam a supremacia da masculinidade por meio de discursos que perpetuam estereótipos, como a ideia de que a mulher é uma “parte menor” do homem, conforme passagens bíblicas interpretadas dessa maneira.

No mercado de trabalho, ainda há desigualdade na divisão das responsabilidades domésticas. Mesmo com a entrada das mulheres no mercado, elas continuam sobrecarregadas com as tarefas do lar e o cuidado com os filhos. Em 2022, segundo o IBGE, 49% dos lares brasileiros eram comandados por mulheres, muitas delas em lares monoparentais.

A solidão masculina

A construção social da masculinidade exige que o homem reprima seus sentimentos, como exemplificado pela frase “homem não chora”. Essa repressão de emoções como frustração e tristeza pode se transformar em raiva e agressividade. Tais expressões negativas são amplamente naturalizadas: é comum ver homens trocando agressões físicas ou xingamentos como forma de “amizade”. Quando um homem ousa romper esse padrão e expressar afeto, é frequentemente visto como fraco ou “não masculino”.

Além disso, as amizades masculinas tendem a ser superficiais, com menor troca emocional. Essa construção impede que os homens peçam ajuda, pois precisam reafirmar sua autossuficiência. Essa dinâmica pode gerar efeitos prejudiciais a longo prazo, ainda mais na era das redes sociais, onde os vínculos são efêmeros e o conceito ultrapassado de “homem de verdade” já não encontra espaço na sociedade atual.

De acordo com uma matéria da Veja, homens possuem vínculos mais frágeis devido à falta de trocas significativas. Isso os torna mais propensos ao isolamento em momentos de adversidade, especialmente quando as amizades são baseadas em posição social e prestígio.

As implicações da solidão durante a viuvez masculina

Homens criados por mulheres — mães, esposas e filhas — muitas vezes não desenvolvem habilidades de autossuficiência. Ao ficarem viúvos, podem enfrentar impactos significativos. Um estudo que analisou dados de mortalidade entre 1860 e 1990 constatou que homens viúvos têm sua expectativa de vida reduzida.

Entre as razões estão a dificuldade em cuidar de si mesmos, lidar com o luto e a ausência de uma rede de apoio emocional. Tudo isso pode desencadear quadros de depressão, agravados por maus hábitos e menor cuidado com a saúde.

A série O Método Kominsky (Netflix) aborda o tema de forma sensível, explorando o luto, a importância das memórias e os vínculos de amizade como formas de superar a solidão.

Um Residencial Sênior, como os do Terça da Serra, pode ser um importante aliado para combater a solidão masculina, proporcionando suporte para atividades diárias, conexão social e novas experiências.

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