A vivência do luto do idoso para o cuidador!

Nunca é fácil falar sobre luto e finitude da vida! Afinal, se por um descuido Deus fizesse os nossos entes queridos eternos, seria uma verdadeira alegria. Mas é importante compreender que também existe um luto que não é familiar, mas é muito intenso: o luto vivido por um cuidador profissional. Devemos ter em mente que há profissionais que passam anos de suas vidas dedicados ao cuidado exclusivo de uma pessoa, onde cria-se um vínculo de confiança, fraternidade e muito amor, o que naturalmente gera um vazio com a perda daquela pessoa cuidada.

 

Hoje, em homenagem ao janeiro branco que acabou de passar, na luta pela conscientização sobre a Saúde Mental, aqui no blog do Terça da Serra nós iremos falar sobre isso: compreender como o cuidador pode lidar com esse luto e como a família também pode auxiliar nesse processo e dicas importantes para estabelecer um diálogo sobre esse assunto.

 

A finitude como um processo natural da vida

Há muitas pessoas que evitam tocar neste assunto, pois compreendem que é muito delicado e difícil de lidar. Porém, Simone de Beauvoir, dizia que a conspiração do silêncio sobre o processo de envelhecimento, em sua obra “A Velhice” de 1970. Ela argumentou que a sociedade frequentemente evita discutir abertamente e enfrentar o processo de envelhecimento, perpetuando assim uma espécie de conspiração do silêncio em relação a essa fase da vida, principalmente quando se trata da finitude da vida.

Devemos ter em mente que durante o nosso processo de envelhecimento, não podemos lidar com a vida como se não houvesse mais fim, pois isso só proporciona uma barreira ainda maior para falar sobre isso quando o momento chegar, além de tornar este um momento muito mais custoso para vivenciar o luto, por este motivo, não devemos ter medo de buscar ajuda para compreender mais sobre esse assunto.

Atualmente a finitude da vida já é tema de grandes obras conhecidas, como é o caso das obras da Dra. Ana Claudia Quintana Arantes: A Morte É Um Dia Que Vale A Pena Viver; Histórias Lindas De Morrer; Para A Vida Toda Valer A Pena Viver: pequeno manual para envelhecer com alegria.

Devemos ter em mente que esse é um processo que não poderemos adiar ou evitar, mas sim transpassar o receio de compreender que ele é parte da essência da nossa condição humana, e quanto mais consciência tivermos, maior será a nossa aceitação para lidar com estes momentos em nossas vidas.

 

Um envelhecimento com dignidade e propósito garante uma finitude digna

O profissional de cuidados diretos é o responsável pelo dia a dia do idoso, é a pessoa que irá tratar dos cuidados mais íntimos, conviverá com os maiores medos, e poderá ser uma das pessoas cuidadas muitas confissões, por isso devemos nos perguntar: será que eu, enquanto profissional, estou oferecendo o melhor atendimento para que a pessoa tenha um envelhecimento digno? Será que eu demonstro que esse cuidado não é um favor, mas sim parte de um cuidado e de uma preocupação com o outro, para além do meu trabalho?

Devemos ter em mente que esse ambiente acolhedor e afável é o que vai garantir a sensação de dever cumprido, quando vida da pessoa idosa tiver um fim e o seu trabalho estiver encerrado. Dvemos ter em mente que o que queremos semear no outro e em nós é a saudade de uma boa relação, de uma vivência com sentido e com a certeza de que fomos um agente transformador na vida daquela pessoa.

É importante se questionar: eu estou tratando essa pessoa que eu estou cuidando da mesma forma que eu gostaria de ser tratado? Eu estou fazendo por essa pessoa o meu melhor? Estou contribuindo para que ela tenha as próprias escolhas, para que ela tenha seus desejos atendidos?

É inevitável que, em alguns casos, diante de situações muito complexas, exista um sentimento de impotência de não poder fazer mais, mas é importante compreender essa condição de saúde da pessoa, acompanhar o seu quadro clínico, estar em contato com os familiares para entender a situação vivida pela pessoa idosa.

 

Compreender e acolher o processo ativo de morte

Alguns pacientes, diante da aproximação da finitude da vida, apresentam algumas alterações fisiológicas e biológicas que podem ser várias, como: redução da atividade vital, alterações respiratórias ou circulatórias, alterações de consciência, na temperatura corpora, além de dor e desconforto. Todas essas alterações mudam a dinâmica do cuidado direto, por vezes mudam um pouco a relação e o vínculo, visto que o idoso pode ficar mais apático ou irritadiço, apresentar maior resistência para receber os cuidados, além de ser um período de maior estresse para o cuidador.

É importante sempre lembrar que a saúde mental deve ser conservada, através de acompanhamento terapêutico, a fim de garantir que o profissional não transfira as situações do trabalho para a vida pessoal e vice-versa, além de ser um instrumento fundamental para posteriormente lidar com o luto, o período de adaptação de uma nova rotina, a fim de garantir que o profissional possa se reencaminhar ao mercado de trabalho após este período.

Em relação ao paciente, é importante ter em mente que tanto a pessoa idosa quanto a família estão vivenciando um momento difícil, por isso a comunicação deve ser aberta, para garantir que os desejos da pessoa idosa sejam realizados, a fim de oferecer maior conforto, saber respeitar o silêncio quando for necessário, saber a hora de se retirar quando presenciar um momento familiar íntimo, saber a hora de oferecer de dar suporte são passos fundamentais de um trabalho humanizado e sensível.

 

A importância de estudar e compreender sobre cuidados paliativos

Os profissionais de cuidados diretos devem ter em mente que esse é um trabalho que constantemente irá lidar com situações graves de saúde, onde é necessário ter um conhecimento sobre cuidados paliativos para saber como lidar com essas situações, pois os cuidados paliativos não dizem respeito apenas ao processo de fim de vida, mas sim ao enfrentamento de qualquer tipo de condição grave de saúde, onde os cuidados paliativos pode atuar tanto para a cura, para o prolongamento ou para a qualidade e dignidade de finitude da vida, sendo uma medida muito antecipada em qualquer diagnóstico sério.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define os cuidados paliativos como uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias diante dos problemas associados a doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento. Isso inclui o tratamento da dor e de outros sintomas, bem como o suporte emocional e espiritual.

É importante perceber que os cuidados paliativos não são exclusivos para os estágios finais da vida. Eles podem ser implementados em conjunto com tratamentos curativos ou prolongadores de vida, oferecendo um suporte holístico que vai além da simples gestão dos sintomas físicos. O objetivo é melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares ao longo de toda a trajetória da doença.

Sendo assim, os cuidados paliativos não têm uma linha temporal estritamente definida e podem começar assim que a necessidade se apresenta, independentemente de quão longa ou curta seja a expectativa de vida do paciente, mas principalmente, é um tratamento que independente do risco de morte, pois ele busca a qualidade de vida diante do difícil processo de vivenciar uma doença grave.

Sendo assim, é possível buscar leituras que são base para compreender esse processo, o que não excluem a importância de realizar cursos especializados na área, capazes de oferecer maior amplitude para a compreensão da área estudada.

Deixamos aqui algumas sugestões de leituras para as pessoas interessadas no tema:

Livro “Sobre a morte e o morrer” de Elisabeth Kubler-Ross;

Livro “A negação da morte” de Ernest Becker;

Livro “Lutos finitos e infinitos” de Christian Dunker;

 

Deixamos também a indicação do Manual de Cuidados Paliativos, realizado pelo Hospital Sírio-Libanês em parceria com o Ministério da Saúde, disponível em PDF e totalmente gratuito aqui, em que ele possui um capítulo (nº 3) sobre o cuidador com o cuidador.

 

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