Nos tempos atuais, quase todos nós sofremos de um mal que é coletivo: ansiedade. Esse já é um problema mais do que geracional, é um problema societário que vem das transformações sociais. Um dos âmbitos que a ansiedade mais se faz presente é no ambiente de trabalho, motivo esse que as gerações mais jovens que estão entrando agora nessa cultura, podem ter maiores índices de ansiedade diante de todas as incertezas do futuro, mas será que por causa disso, as pessoas idosas não sentem ansiedade? Será que não há um risco de nós confundirmos a ansiedade com outros sintomas e enxergar que tudo não passa de uma “senescência”? Vamos conversar um pouco sobre isso hoje aqui no blog.
Afinal, o que significa ter ansiedade?
A ansiedade não é um sentimento novo! Ela existe desde que os seres humanos existem, pois é uma forma do nosso cérebro nos proteger de possíveis perigos, mesmo que eles ainda não existam. Esse é um sentimento próximo, mas não igual ao medo, pois o medo é um sentimento capaz de colocar todo o nosso corpo em alerta diante de uma situação vivida naquele momento, é a forma do nosso corpo se preparar para o risco iminente, já no caso da ansiedade, o sentimento é focado não no objeto em si, mas em toda a situação ao redor daquele objeto, de forma a analisar as consequências e os riscos futuros.
A ansiedade não é um transtorno, ela é um sentimento, mas muitas pessoas hoje podem desenvolver, por exemplo, o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), quando há um nível excessivo deste sentimento na vida da pessoa sem a autorregulação emocional, de forma que esse sentimento transforma a realidade de vida com preocupações que podem, em muitos casos, ser irreais e podem ter uma chance mínima ou até mesmo nula de acontecer.
Diante das mudanças mundiais como o avanço dos desastres naturais, o aumento da violência, o desafio de enfrentar uma pandemia mundial com diversas mortes, tudo isso pode nos tornar naturalmente pessoas mais ansiosas, pois afinal, vivemos riscos verdadeiros que ameaçam a nossa vida, mas muitas pessoas podem vir a vivenciar a experiência de se tornar uma “pessoa catastrofista”, termo de uso informal para descrever as pessoas que sempre pensam nas piores situações, e mesmo que corram um risco muito pequeno de qualquer risco, podem enxergar naquela situação os piores cenários.
Sendo assim, a ansiedade não passa de um sentimento natural, mas é a forma como (conseguimos) lidar que faz toda a diferença na vida de cada pessoa.
“Eu queria mesmo era ser velho e não me preocupar mais com nada…”
Os jovens têm um costume milenar de achar que são os donos da razão, com base em uma vivência muito curta e com poucas experiências de vida, até muitas vezes com poucas preocupações quando são privilegiados com pais que lhes dão tudo, mesmo assim, são capazes de dizer frases como “eu só queria ir para um lar e não me preocupar com nada” ou “eu só queria ser velho e não ter mais preocupações”.
Culturalmente nós temos uma tendência dicotômica com a velhice: não queremos morrer cedo, mas não queremos ficar velhos; não deixamos os velhos fazerem nada para poder “descansar”, mas depois reclamamos que eles não fazem nada. Afinal, ser velho na nossa sociedade é muito mais difícil do que pode parecer aos sábios e despreparados jovens.
A ansiedade é um sentimento que gera preocupação, em alguns casos, excessiva. Sendo esse um sentimento que carregamos ao longo da vida, de onde é que tiramos a conclusão precipitada de que as pessoas mais velhas não se preocupam com nada? Em um mundo em que o dinheiro é a entidade maior, nós temos uma tendência a focar todos os nossos esforços, as nossas preocupações e acabamos por direcionar boa parte da nossa ansiedade para o trabalho, pois é cada vez mais comum passarmos a maior parte do nosso tempo conectado com esse ambiente, principalmente com a facilidade que a tecnologia trouxe para os chefes estarem ao nosso alcance através de uma mensagem de WhatsApp.
É verdade que a ansiedade com o nosso trabalho pode ser muito desgastante, sugar boa parte da nossa energia e do nosso tempo, mas embora pareça, nós não vivemos só do trabalho, temos outras preocupações e muitas outras vivências que podem causar ansiedade, principalmente as pessoas mais velhas.
A ansiedade pode, inclusive, ser pela falta de trabalho, pela sensação de inutilidade para a sociedade, pela preocupação com os filhos que saem de casa e tem que enfrentar um mercado de trabalho agressivo, pelos netos que irão encontrar um cenário ainda mais desafiador, para além das questões pessoais de preocupação com a própria saúde, com o ciclo natural da vida, entre muitas outras questões que podem elevar os níveis de ansiedade de uma pessoa mais velha.
A ansiedade na velhice: como identificar?
É muito importante reconhecer que as pessoas idosas não tem todas o mesmo problema, assim como não é uma questão de “senescência”, cada sintoma tem uma causa e não é necessariamente pelos mesmos motivos, e para um tratamento que traga melhores resultados, precisamos entender como a ansiedade se manifesta.
Os idosos que geralmente se preocupam demais com coisas muito pequenas, na verdade podem estar sofrendo de ansiedade. Quando não cansam de perguntar que horas é o jantar, pois parece que o jantar nunca chega, e a preocupação do jantar atrasar, com a necessidade de saber se há todos os elementos necessários para fazer o jantar. A Associação Americana de Psiquiatria Geriátrica (AAGP) destaca que 10% a 20% da população idosa do país sofre de ansiedade, sem possuir um diagnóstico e um tratamento adequado.
Os sintomas podem ser:
• dores de cabeça recorrente;
• suor excessivo mesmo com temperaturas amenas;
• arritmias cardíacas;
• sensação de aperto no peito e falta de ar;
• inquietação;
• insegurança e irritabilidade;
• problemas de memória e de foco;
Os problemas de memória da pessoa que sofre de ansiedade podem se equiparar com os de quem sofre de Alzheimer, porém no caso da ansiedade, a pessoa possui muita dificuldade em focar em realizar uma determinada atividade, a irritabilidade se deriva do excesso de preocupações que impede com que ela se concentre em algo, ou seja, os pacientes que têm ansiedade não têm necessariamente Alzheimer, mas os pacientes que têm Alzheimer podem desenvolver ansiedade também.
É necessário obter uma via de comunicação clara para compreender quais são os motivos que levam o idoso a ter um grau tão alto de preocupação, para ser possível identificar e buscar ajuda profissional para realizar o tratamento.
O que NÃO se deve fazer quando a pessoa idosa tem ansiedade?
Muitas vezes por falta de conhecimento somos capazes de piorar os sintomas com atitudes que não são compatíveis, por isso, vamos trazer uma lista de atitudes que devem ser evitadas, para não intensificar os episódios:
• Pedir para a pessoa não se preocupar: você, sem dúvida alguma, já passou por uma situação em que algo te deixou extremamente preocupado e alguém disse “não se preocupe com isso”. Essa é a típica frase que pode parecer uma forma de oferecer ajuda, mas que na verdade não ajuda em nada, pois invalida o sentimento de preocupação vivenciado. Busque usar frases como “calma, nós iremos resolver isso”, “eu posso te ajudar fazendo ____ para resolver essa situação”.
• Ignorar a preocupação: pior do que pedir para a pessoa se acalmar é achar que “se não der bola, passa”. A sensação de desamparo vivida por quem sofre de ansiedade é uma das mais desoladoras, a sensação de que além de estar vivendo um momento frágil, não poder contar com as pessoas em volta. Busque ouvir com atenção as preocupações e se não conseguir resolver a situação, busque ajuda.
• Mudar o foco e tentar “distrair” a pessoa: essa atitude é mais uma que pode ser com o intuito de ajudar, mas pode deixar a pessoa idosa ainda mais irritada, pela necessidade de querer resolver a situação e estar sendo “enganada”.
• Perder a paciência: antes que isso aconteça, respire fundo e peça ajuda, se for necessário, avalie de sair do espaço e deixar que outra pessoa faça a intervenção, para evitar conflitos e potencializar a situação vivenciada. Caso não seja possível se ausentar do espaço, busque fazer contato telefônico com pessoas ou serviços que possam oferecer ajuda.
Como tratar a ansiedade na velhice?
Na maioria dos casos, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a mais indicada para oferecer um suporte para a pessoa idosa, ela oferecer base para o autoconhecimento das pessoas sobre o padrão de pensamento e as causas de alguns gatilhos que provocam a ansiedade.
Em conjunto com isso, a fim de evitar a polifarmácia, é possível fazer uso de terapias holísticas como a aromaterapia, meditação e muitas outras terapias deste segmento. Nós temos uma matéria aqui que fala sobre várias delas.
Apesar de tudo isso, o mais importante é o apoio da rede de suporte social da pessoa idosa, tanto os familiares como os amigos são uma fonte de aconchego e segurança que lembram a pessoa idosa de que ela não está sozinha.
Um lugar bom e aconchegante diminui a ansiedade
As nossas unidades do Terça da Serra são pensadas para oferecer um ambiente acolhedor e aconchegante para as pessoas idosas, tudo é pensado: desde as cortinas, a disposição das cadeiras, a estrutura das poltronas e dos móveis do quartos, mas principalmente os nossos jardins.
O contato com a natureza é um grande aliado no combate da ansiedade, e é um espaço onde os hóspedes podem desfrutar de um espaço de calma com ou sem acompanhantes.
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