Como lidar quando o idoso acusa alguém de roubo?

As pessoas idosas em um estágio já um pouco mais avançado, podem apresentar episódios das famosas “acusações delirantes”, visto que devido a sua diminuição de reserva cognitiva, começa a fazer confusões entre coisas que são reais e que não são, como é o caso da acusação de roubo quando não encontra o objeto desejado.

É muito importante compreender que uma pessoa com Alzheimer, ou alguma outra doença que comprometa a sua reserva cognitiva, não possui a mesma clareza da realidade que nós, onde os episódios de confusão mental podem muitas vezes despontar esse tipo de episódio, de forma que isso não deve ser visto com maus olhos, nem deve ser tipo como um ataque pessoal. É importante compreender quando isso acontece, pelo fato de o idoso estar confuso.

 

A peculiaridade da acusação de roubo

É nítida a diferença de um idoso em sã consciência que acusa uma pessoa de roubo com intuito de prejudicar! Ele geralmente insiste em acusar uma pessoa em específico e consegue dar detalhes de como, onde e quando o sumiço ocorreu, o momento exato em que deu pela falta. A pessoa com demência não consegue construir um pensamento analítico elaborado, de forma que o desaparecimento de um objeto faz com que fique agitado, confuso e em modo de defesa, acuse as pessoas ao seu entorno. É possível até que saiba responder onde foi que viu o objeto pela última vez, mas devido ao alto índice de confusão mental causado pela agitação, pode não ter sido realmente aquele o último lugar a ser visto o objeto.

Em muitos casos, existem grandes chances de o objeto estar em lugares inapropriados, como por exemplo: um controle remoto dentro da geladeira, a carteira dentro da máquina de lavar, entre outros exemplos que apontam para a típica confusão mental vivenciada por pessoas idosas com demência. Por esse motivo, podemos compreender que esse tipo de acusação não tem caráter de cunho moral, com foco de prejudicar um terceiro, até porque esses episódios também colocam a pessoa idosa em estado de sofrimento, diante da sua agitação e confusão mental.

 

O que eu devo fazer se for acusado de roubo?

Em primeiro lugar, manter a calma! Esse tipo de situação, dependendo do contexto, pode despontar do cuidador responsável uma série de sentimentos: raiva, vergonha, indignação, entre muitos outros. Porém, é importante compreender que esse tipo de acusação não tem cunho pessoal e não deve ser levado como ofensa.

Em geral, alguns profissionais e até familiares agem de forma automática: negam, dizem que ninguém pegou nada, acusam o idoso de ter largado em qualquer lugar, entre muitas opções que não surtem efeito, pois essas reações intempestivas aguçam ainda mais a agitação da pessoa idosa, fazendo com que os episódios de confusão mental se intensifiquem.

Devemos tentar ao máximo situar a pessoa idosa no tempo e espaço, com perguntas direcionadas para a realidade, como por exemplo: “onde foi que viu pela última vez?”, “qual era a cor do objeto?”, essas perguntas ajudam o idoso a sentir que seu sentimento de angústia é válido e que há um esforço para alcançar a solução do seu problema.

 

Um passo a passo para lidar com esse tipo de situação

 

Mantenha a Calma:

Não reaja impulsivamente! Mantenha a calma para lidar eficazmente com a situação. A agitação das pessoas ao entorno só deixará o idoso mais confuso e possivelmente, até agressivo.

Estabeleça uma Comunicação Clara:

Aborde a pessoa idosa com uma linguagem clara e compreensível. Certifique-se de que ele entenda que você está ali para ouvir e ajudar.

Escute com Empatia:

Ouça as preocupações do idoso com empatia. Demonstre interesse genuíno em entender o que está causando a acusação.

Não Aceite ou Rejeite a Acusação Imediatamente:

Evite tomar partido imediatamente ou acusar pessoas. Diga coisas como “eu entendo suas preocupações, vamos resolver isso juntos”, isso será mais eficaz do que aceitar ou rejeitar a acusação de imediato.

Questione com Sensibilidade:

Faça perguntas para entender melhor a base da acusação. Pergunte sobre o objeto, quando viu pela última vez, como era, onde estava e tente buscar junto com ele os locais onde podem estar.

Verifique os Fatos de Maneira Discreta:

Procure ajuda de outras pessoas que possam ajudar a procurar o objeto desaparecido, a fim de tentar encontrar sem o idoso por perto, a fim de evitar maior agitação.

 

Busque Ajuda de um Profissional em Saúde Mental:

Se a confusão mental for uma preocupação, busque sempre como solução procurar a orientação de um profissional de saúde mental para avaliação e suporte, na área específica da geriatria e gerontologia.

Esse é um passo a passo para ser seguido em casos de confusão mental de objetos perdidos, mas é importante ressaltar a importância de se ter cuidado com a posse de objetos de valor com idosos que possuem algum comprometimento cognitivo, visto que isso pode acarretar riscos reais de perda. Por isso, as pessoas idosas com esse tipo de quadro devem possuir um acompanhamento profissional de perto e de qualidade.

 

No Terça da Serra os nossos cuidadores são treinados para lidar com essas e muitas outras situações com pessoas idosas, a fim de proporcionar conforto e acolhimento para que o idoso se sinta sempre amparado. Venha conhecer uma das nossas unidades!

 

 

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