As manifestações cognitivas em indivíduos mais velhos podem sugerir como um declínio cognitivo progressivo, incluindo a doença de Alzheimer (DA), além de outras condições crônicas relacionadas à idade, tornando complexa a identificação precoce de sintomas da DA. Para aprofundar a compreensão dessas manifestações no envelhecimento, trouxemos essa revisão sistemática para determinar a prevalência e caracterização em idosos com as condições crônicas mais comuns associadas à idade.
Nessa revisão sistemática, que incluiu 32 artigos, identificou-se uma maior prevalência de queixas cognitivas em idosos com maior multimorbidade nas condições crônicas de saúde física mais comuns. Algumas evidências sugerem que idosos com diabetes, doenças cardíacas, a ou artrite apresentam mais queixas cognitivas do que aqueles sem essas condições.
As queixas cognitivas frequentemente servem como indicadores iniciais de declínio cognitivo ou DA em adultos mais velhos. Esses sintomas podem derivar de alterações na saúde física, com até 60% dos idosos com condições crônicas de saúde relatando algum tipo de queixa cognitiva, em comparação com 25% dos adultos mais velhos em geral.
Hipertensão e diabetes surgem como fatores de risco significativos para o declínio cognitivo tardio, o comprometimento cognitivo leve (CCL) e a DA. Há evidências indicando que idosos com maior multimorbidade estão mais atentos aos sinais de esquecimento, e as queixas cognitivas acompanhadas de preocupação estão associadas a um risco de desenvolver DA de duas a quatro vezes maior em comparação com aqueles que não apresentam preocupação.
Uma descoberta consistente nesse estudo, foi a associação entre multimorbidade e queixas cognitivas: idosos com mais condições crônicas tendem a relatar mais queixas cognitivas. Apesar da heterogeneidade nas medidas usadas nos estudos, 12 dos 16 estudos encontraram uma associação positiva entre multimorbidade e queixas cognitivas.
A investigação da relação entre condições crônicas relacionadas à idade, declínio cognitivo e risco de DA é crucial. Identificar idosos com multimorbidade e sintomas cognitivos precoces pode apoiar intervenções preventivas direcionadas a um grupo de alto risco. Além disso, destaca-se a necessidade de mais estudos para investigar os potenciais efeitos colaterais cognitivos dos medicamentos comumente usados no tratamento de condições crônicas, especialmente em adultos mais velhos.
Quanto às correlações entre queixas cognitivas e doenças cardíacas, há evidências mais fortes devido às associações conhecidas entre a saúde cardiovascular e cerebral, porém são necessárias mais pesquisas longitudinais adicionais para entender como a progressão de doenças cardíacas pode afetar as queixas cognitivas.
A relação entre doenças pulmonares crônicas e queixas cognitivas não foi evidente nas pesquisas. Quanto à artrite, houve ligações relativamente consistentes, atribuídas à possível influência da inflamação no envelhecimento cognitivo.
Em resumo, as evidências indicam que queixas cognitivas são mais comuns em idosos com maior multimorbidade, mas a pesquisa longitudinal nessas associações é limitada. Dado que o relato de memória ou outros problemas cognitivos provavelmente é o primeiro sintoma da DA, compreender a trajetória das queixas cognitivas, da multimorbidade e da cognição objetiva em idades avançadas é uma área crítica para futuras pesquisas. A cognição está intrinsecamente ligada a outros aspectos da saúde, principalmente à função cardiovascular, justificando uma investigação mais aprofundada das queixas cognitivas como indicadores precoces de declínio cognitivo em idosos com maior risco de DA devido a condições crônicas.
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Dicas do Terça da Serra
Com o aumento da população idosa, é de suma importância estar vigilante aos sinais de queixas cognitivas em nossos idosos. Quando identificado qualquer sinal de alteração, é crucial buscar orientação médica para avaliação e diagnóstico preciso. Essa abordagem eficiente desempenha um papel fundamental, permitindo um diagnóstico precoce que, por sua vez, viabiliza intervenções mais rápidas, proporcionando uma maior qualidade de vida aos idosos.
É pertinente ressaltar que as evidências científicas apontam uma relação direta entre determinadas comorbidades e distúrbios cognitivos. Nesse contexto, enfatizamos a importância da prevenção. Cuidar da saúde física e mental antes do processo de envelhecimento é de extrema importância para preservar a qualidade de vida e promover o bem-estar ao longo do tempo.
