Uma pessoa quando começa a envelhecer e tem parceiro(a) e filhos por perto pode desenvolver a dependência funcional, visto que muitas vezes a família no anseio de ajudar a pessoa idosa, acaba por tomar a iniciativa de fazer algumas tarefas no lugar dela, a fim de evitar transtornos, desgaste, mas o excesso de zelo e cuidado pode não ser benéfico. Iremos abordar sobre o que significa a dependência funcional, como lidar e prevenir esse tipo de situação.
O que significa a dependência funcional?
O conceito de dependência funcional diz respeito à capacidade ou incapacidade de uma pessoa mais velha realizar atividades diárias essenciais por si só, como se vestir, tomar banho, cozinhar, ou gerenciar suas finanças. Dependência funcional é uma medida da necessidade de assistência ou cuidado que uma pessoa idosa requer para realizar essas atividades básicas da vida diária.
Existem diferentes níveis de dependência funcional, que podem variar de leve a grave. Alguém com dependência funcional leve pode precisar de ajuda ocasional ou supervisão em certas tarefas, enquanto alguém com dependência funcional grave pode precisar de assistência constante ou até mesmo de cuidados de enfermagem em tempo integral.
Os fatores que influenciam a dependência funcional em pessoas idosas incluem idade avançada, condições de saúde crônicas ou agudas, deficiências físicas ou mentais, bem como o ambiente em que vivem. A avaliação da dependência funcional é importante para planejar o cuidado e os serviços adequados às necessidades individuais de uma pessoa idosa, visando manter sua qualidade de vida e autonomia na medida do possível.
Esse é um processo que tem potencial prejudicial para o declínio cognitivo, pois a partir do momento que a pessoa idosa passa a não mais a se esforçar para desenvolver as atividades da vida diária, isso pode aumentar os seus episódios de confusão mental quando a pessoa que cuida dela não estiver próxima para realizar as atividades por ela.
Normalmente essa uma atitude de zelo que deve ser evitada, nunca devemos duvidar da capacidade de uma pessoa antes de deixá-la tentar realizar a tarefa, mesmo as pessoas com quadro demencial, devemos supervisionar algumas ações, mas permitir que ela realize sozinha o quanto for possível e buscar sempre auxiliar o seu maior desenvolvimento cognitivo e físico, falaremos mais sobre isso a seguir.
A dependência funcional pode ser influenciada pelos familiares
O comportamento da família e dos cuidadores em relação a uma pessoa idosa pode influenciar a sua dependência funcional. Esse conceito é conhecido como “síndrome do desuso” ou “descondicionamento”, e pode ocorrer quando uma pessoa idosa deixa de realizar atividades diárias essenciais por conta própria devido à intervenção excessiva da família ou dos cuidadores.
Quando a família começa a fazer tudo pela pessoa, como vesti-la, alimentá-la, ou realizar outras tarefas básicas diárias que ela ainda é capaz de fazer, isso pode resultar na perda gradual da capacidade funcional da pessoa. A falta de uso dos músculos, a perda de autonomia e a diminuição da estimulação mental podem contribuir para um declínio na saúde física e mental do idoso.
É importante encontrar um equilíbrio entre oferecer suporte adequado e incentivar a independência dentro das capacidades da pessoa idosa. Isso pode incluir promover atividades que mantenham a mobilidade, a autonomia e o envolvimento social, mesmo que seja necessário fornecer assistência ou supervisão em certas áreas.
Esse quadro é muito comum entre casais de mais idade, em que a mulher ocupa um papel central de cuidadora e por isso, quando o parceiro começa a apresentar sinais de fragilidade e declínio, toma a frente dos seus cuidados de forma integral. Além desse processo ser prejudicial para a pessoa idosa que está sendo cuidada, também é prejudicial para o cuidador, pois ao longo do tempo a demanda aumenta e torna a função cada vez mais exaustiva. Outro exemplo que também é comum é da filha que fica responsável integralmente pelo cuidado dos pais ou de um dos pais, de forma que assume esse mesmo papel, a fim de zelar pelo bem da pessoa cuidada e torna a convivência muito mais exaustiva.
Por este motivo é tão importante que veículos de comunicação como o Blog do Terça da Serra ofereçam informações necessárias para evitar o desgaste, visto que no Brasil temos cada vez um número maior de mulheres da Geração Sanduíche (temos uma matéria aqui no blog sobre isso), um fenômeno protagonizado por mulheres exaustas.
É necessário evitar o capacitismo dos idosos com demência
Devemos combater o capacitismo das pessoas com demência, uma visão social de que as pessoas com demências devem ser protegidas de ações que exigem maior esforço. Claro que os quadros de saúde diferem uns dos outros, mas mesmo os idosos com quadros de demência mais avançados devem ser estimulados e incentivados a desenvolver as suas habilidades, vamos dar aqui alguns exemplos de formas de evitar o capacitismo e fortalecer a autonomia:
Escolher a roupa: não é necessário fazer com que a pessoa vá ao armário e desorganize tudo para escolher a sua roupa, mas é possível ter um leque com duas ou três peças para que a pessoa idosa possa dizer qual prefere usar. Isso diminui os episódios de agitação nesse momento, escolha as opções que mais se encaixem na ocasião e deixe que a pessoa escolha, estimule a decisão dela.
Comer sozinho: muitos idosos possuem pouca coordenação motora para se alimentar sozinhos, mas que tal usar uma das refeições do dia para fortalecer a sua autonomia? Mesmo que a pessoa se suje ou encontre dificuldade, busque todos os dias incentivar um pouco mais, sempre com um trabalho do fisioterapeuta em paralelo para garantir a desenvoltura muscular.
Incentivar pequenas caminhadas: a pessoa é acamada e não sai da cama, mas que tal uma período do dia tentar mantê-la mais sentada? Com o devido acompanhamento médico, respeitando as suas limitações e o seu quadro clínico, é possível. Além disso, idosos com pouca mobilidade, ir progredindo em conjunto com o fisioterapeuta a diminuição do uso da cadeira de rodas e a progressão para o andador e assim por diante.
Tomar banho com supervisão: no lugar de tomar a frente de dar banho na pessoa, incentivar que ela faça a própria higiene com supervisão dentro da possibilidade, oferecendo orientações claras e o suporte necessário.
O trabalho de reabilitação é fundamentalmente pautado na área da fisioterapia e terapia ocupacional, de forma que é necessário o acompanhamento desse profissionais, mas é possível realizar pequenas ações diárias para fortalecer o trabalho técnico realizado e aumentar o grau de satisfação e bem-estar da pessoa idosa, a fim de promover um envelhecimento com dignidade.
Um trabalho em conjunto garante menor sobrecarga do cuidador e um ambiente mais agradável, principalmente dentro da instituição.
No Terça da Serra os nossos fisioterapeutas e os nossos terapeutas ocupacionais estão prontas para realizar um trabalho humanizado com o seu familiar, agende uma visita em uma das nossas unidades e conheça mais de perto o trabalho que nós realizamos!