Desafios da mobilidade urbana para idosos

As grandes cidades vivem cada vez mais lotadas de carros, movimentos, superlotação, o que nos causa um certo receio da vida das pessoas idosas nesse cenário onde tudo é muito rápido, além disso, com o avanço dos meios tecnológicos e o tempo gasto nesses aparelhos, devemos pensar que estamos caminhando para uma sociedade cada vez mais antenada com artefatos tecnológicos em tudo, desde pedir um carro por aplicativo (não mais pedir um táxi, ou o antigo e famoso “carro de praça”), os mercados e os bancos terem cada vez mais caixas eletrônicos e menos caixas com atendentes, os carros em pouco tempo podem vir a se tornar, na sua grande maioria, elétricos, entre muitas outras mudanças que ocorrem de forma quase que instantânea.

A pergunta que fica é: as pessoas idosas têm a agilidade necessária para se manterem bem-informados sobre esse mundo atual?

 

O conflito de gerações vivenciado hoje

As últimas mudanças, nos dois últimos milênios, em quesito de avanço das tecnologias da época eram espaçados em questão de cem, talvez até duzentos anos, de forma que as gerações permaneciam em situações muito semelhantes, construindo tradições bem estipuladas durante longos períodos da história, porém o último século, com o advento da internet, trouxe um avanço desenfreado em termos científicos, acadêmicos e tecnológicos que nos fazem perceber que uma geração para outra, tudo muda, as gerações há três décadas pensavam de forma muito parecida, visto que o ensinamento popular era resguardado de forma clara, sábia, onde atualmente isso se perdeu com o infinito acesso à informação diante das redes sociais, ou seja, cada geração que nasce encontra o mundo mais transformado do que a geração anterior.

Vamos dar um exemplo para ficar mais claro: atualmente vivenciamos uma onda nostálgica no Brasil com o retorno das referências dos anos 90/2000, pois foi um período muito diferente dos dias atuais, estamos falando de aproximadamente 20 anos de diferença, um período em quesito de trajetória da história mundial, muito pequeno, mas capaz de já causar impactos muito significativos em diversos aspectos: a educação parental; as formas de usar as redes sociais; a diminuição do convívio infantil na rua, com brinquedos.

Diante disso, como é que as pessoas com mais de 60 anos conseguem se enquadrar e se sentirem incluídas no mundo atual? Eles necessitam da ajuda das pessoas mais jovens para poderem estar atualizados com todas as novidades que permeiam as suas vidas sem pedir licença.

 

O envelhecimento populacional e a mobilidade urbana

Com o aumento da expectativa de vida e a queda das taxas de natalidade em muitas partes do mundo, estamos testemunhando uma mudança demográfica significativa: o envelhecimento da população. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a população global de pessoas com mais de 60 anos está projetada para dobrar até 2050, chegando a cerca de 2 bilhões de indivíduos.

Esse fenômeno demográfico traz consigo diversos desafios, especialmente no que diz respeito à mobilidade urbana. As cidades, historicamente planejadas para uma população mais jovem e ativa, muitas vezes não estão preparadas para atender às necessidades específicas dos idosos em termos de locomoção e acessibilidade.

Diante desses desafios que apresentaremos a seguir, é crucial buscar soluções que promovam uma mobilidade urbana inclusiva e acessível para todas as faixas etárias, garantindo que os idosos possam desfrutar de uma vida independente, ativa e digna nas cidades.

 

Os principais desafios para a mobilidade urbana dos idosos

Falta de acesso à inclusão digital: não são todos os idosos que possuem os conhecimentos necessários para acessar o caixa automático, ter um smartphone para se comunicar com os seus familiares, saber entrar nos aplicativos de corrida para pedir um carro e ir para algum lugar, saber agendar uma consulta por vias eletrônicas e não telefônicas.

Infraestrutura inadequada: Calçadas estreitas e irregulares, falta de rampas de acesso, ausência de sinalização adequada e escassez de espaços de descanso ao longo das rotas são apenas algumas das barreiras físicas que dificultam a locomoção dos idosos nas áreas urbanas.

Transporte público ineficiente: Embora o transporte público seja uma opção vital para muitos idosos, a falta de acessibilidade nos ônibus, metrôs e trens pode tornar difícil ou até impossível para eles utilizarem esses serviços. Além disso, a escassez de opções de transporte sob demanda adaptadas às necessidades dos idosos limita sua independência e mobilidade.

Falta de opções de moradia acessível: A localização e o tipo de moradia também desempenham um papel crucial na mobilidade dos idosos. A falta de opções de moradia acessível no centro das cidades ou próximo a serviços essenciais pode forçar os idosos a se deslocarem longas distâncias para acessar cuidados médicos, compras e outras necessidades básicas.

Falta de espaços públicos acessíveis: A acessibilidade dos espaços públicos, como parques, praças e áreas de lazer, é essencial para promover a atividade física e o bem-estar dos idosos. No entanto, muitos desses espaços podem não ser projetados levando em consideração as necessidades específicas dos idosos, com falta de bancos para descanso, pavimentos irregulares e falta de sinalização adequada.

Segurança nas vias: A segurança nas ruas e estradas também é uma preocupação importante para as pessoas idosas. Atravessar ruas movimentadas, utilizar passarelas e faixas de pedestres inadequadamente projetadas e enfrentar o risco de acidentes de trânsito são desafios que podem gerar ansiedade e limitar a liberdade de locomoção dos idosos.

Barreiras sociais e culturais: Além dos obstáculos físicos e estruturais, os idosos frequentemente enfrentam barreiras sociais e culturais que afetam sua mobilidade urbana. O estigma associado ao envelhecimento pode levar à falta de consideração pelas necessidades dos idosos e à falta de empatia por parte da sociedade em geral.

 

Iniciativas para melhorar a mobilidade urbana de pessoas idosas

Melhoria da infraestrutura urbana: Investir na construção e manutenção de calçadas amplas e bem conservadas, com rampas de acesso em todas as esquinas, pode facilitar a locomoção dos idosos. Além disso, a instalação de sinalização adequada, como semáforos sonoros e informações em braille, pode tornar as ruas mais seguras e acessíveis.

Transporte público acessível: Adaptar os sistemas de transporte público para atender às necessidades dos idosos é fundamental. Isso inclui a instalação de elevadores e rampas nos ônibus e estações de metrô, além de oferecer assentos reservados e atendimento prioritário para os idosos. Também é importante garantir horários e rotas adequadas, com intervalos mais espaçados e paradas próximas a locais de interesse para os idosos.

Transporte sob demanda adaptado: Serviços de transporte sob demanda, como táxis acessíveis e programas de carona solidária, podem oferecer uma alternativa conveniente e acessível para os idosos que não conseguem usar o transporte público convencional. Esses serviços podem ser especialmente úteis para viagens de curta distância ou para áreas mal atendidas pelo transporte público.

Promoção da conscientização e educação: Campanhas de conscientização pública sobre os desafios enfrentados pelos idosos na mobilidade urbana podem ajudar a sensibilizar a população em geral e a reduzir o estigma associado ao envelhecimento. Além disso, programas de educação para idosos sobre segurança no trânsito e uso de tecnologia podem capacitá-los a navegar com mais segurança pelas cidades.

Planejamento urbano inclusivo: Envolvimento dos idosos no processo de planejamento urbano pode garantir que suas necessidades e preocupações sejam consideradas desde o início. Isso pode incluir a criação de conselhos consultivos de idosos, realização de consultas públicas específicas para essa faixa etária e incorporação de princípios de design universal em projetos de infraestrutura urbana.

Essas soluções e iniciativas demonstram que é possível tornar as cidades mais amigáveis para os idosos, promovendo uma mobilidade urbana inclusiva e acessível para todas as idades. O envolvimento de governos, organizações da sociedade civil, empresas e comunidades locais é fundamental para implementar essas medidas de forma eficaz e sustentável.

 

O Selo Cidade Amiga do Idoso como uma iniciativa positiva

O “Selo Cidade Amiga do Idoso” é uma iniciativa do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele reconhece cidades que adotam políticas e práticas voltadas para a promoção do envelhecimento ativo e saudável.

Algumas cidades brasileiras que receberam o selo ou estão em processo de obtenção incluem:

Belo Horizonte (MG): A capital mineira recebeu o selo em 2019, reconhecendo suas iniciativas para melhorar a qualidade de vida dos idosos, como a criação de espaços de convivência, programas de atividade física e ações de acessibilidade urbana.

Curitiba (PR): Curitiba é outra cidade que recebeu o selo por suas políticas de inclusão social e acessibilidade para idosos. A cidade investe em programas de transporte público acessível, espaços públicos adaptados e atividades de lazer para a terceira idade.

São Paulo (SP): A maior cidade do Brasil está em processo de obtenção do selo, com várias iniciativas em andamento para promover o envelhecimento saudável e a inclusão social dos idosos. Isso inclui a criação de centros de convivência, programas de saúde preventiva e adaptações na infraestrutura urbana.

Porto Alegre (RS): A capital gaúcha também está em processo de obtenção do selo, com diversas ações voltadas para os idosos, como a oferta de atividades recreativas, assistência social e melhorias na acessibilidade urbana.

Essas são algumas das cidades brasileiras que estão se destacando no desenvolvimento de políticas e programas para promover uma vida mais saudável e inclusiva para os idosos. O reconhecimento através do selo demonstra o compromisso dessas cidades em criar ambientes urbanos que atendam às necessidades de todas as faixas etárias.

 

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