Estratégias de comunicação não verbal com idosos com demência

Pela falta de conhecimento de como se comunicar com a pessoa idosa, muitas vezes os familiares optam por apenas falar e esperar que ele ouça e outros até optam por não se comunicar, por não encontrarem  a melhor forma para realizar tal ação. Porém em todos os casos, a situação se torna desagradável tanto para a pessoa idosa quanto para os seus familiares, por isso vamos desmistificar sobre isso hoje na matéria do blog.

O que ocasiona a diminuição da comunicação verbal da pessoa idosa?

Por vezes o idoso em um estágio já mais avançado da demência não consegue se comunicar com palavras, visto que o avanço do declínio cognitivo faz com que ele perca a habilidade de formar palavras e reproduzi-las.

E isso pode acontecer por vários motivos:

Atrofia Cerebral: a demência está frequentemente associada à atrofia cerebral, especialmente em áreas responsáveis pela linguagem e comunicação, como o córtex frontal e temporal. O comprometimento dessas áreas pode resultar em dificuldades na formulação e expressão de pensamentos.

Desconexão Neuronal: a demência pode levar à desconexão neuronal, afetando as vias neurais necessárias para a produção e compreensão da linguagem. Essas desconexões podem ocorrer em nível local (dentro de áreas específicas do cérebro) ou globalmente.

Declínio das Habilidades Motoras: a deterioração das habilidades motoras, incluindo os músculos envolvidos na fala, pode contribuir para a dificuldade em articular palavras de maneira clara.

As causas neurais geralmente vêm acompanhadas de outros sintomas, como a falta de controle muscular, incluindo os músculos responsáveis pela manutenção da língua na boca, o que pode resultar na protrusão constante da língua (quando o idoso não tem mais total controle da língua), além das dificuldades na coordenação necessária para engolir alimentos.

Além dessas causas neurais, temos também o isolamento social que pode ocasionar no menor exercício de comunicação verbal da pessoa idosa.

Nesse sentido, o idoso permanece consciente e ativo para responder à estímulos, só é necessário que esses estímulos sejam mais sensitivos e até mais gestuais.

Como estabelecer uma comunicação não verbal com a pessoa idosa?

Comunicar-se eficazmente com idosos que têm demência pode ser desafiador, mas a comunicação não verbal pode desempenhar um papel crucial nesse processo. Aqui estão algumas estratégias de comunicação não verbal que podem ser úteis ao lidar com idosos com demência:

Manter-se na altura dos olhos: quando fizer qualquer tipo de comunicação com a pessoa idosa, compreenda que estar na altura dos olhos dela é a melhor forma de estabelecer um contato visual poderoso, capaz de captar a atenção da pessoa idosa com demência.

Utilize gestos simples: quando for se comunicar, busque fazer gestos sutis na altura dos olhos da pessoa idosa, a fim de poder expressar visualmente o que quer dizer.

Toque: busque inicialmente zonas neutras para estabelecer contato físico, caso sinta que possui permissão para isso (a pessoa idosa não se mostra agitada com o toque físico), incialmente as mãos e o cotovelo, locais neutros capazes de estabelecer inicialmente um contato físico e estabelecer um vínculo.

Entonação verbal: use uma voz grave e em tom calmo, a fim de diminuir a agitação da pessoa idosa em querer se comunicar. Fale devagar e com clareza para que a pessoa idosa possa ir respondendo aos estímulos verbais apresentados.

A entonação vocal pode ser em tom musical, a fim de estabelecer um ritmo constante, capaz de diminuir a agitação da pessoa idosa, onde ela pode se comunicar através do compasso da batida da mão ao lado da cama ou do sofá, por exemplo.

Ambiente acolhedor: tenha em conta que a TV não esteja ligada enquanto você estabelece comunicação com a pessoa idosa, ou que não há outras conversas paralelas acontecendo em simultâneo, para garantir que a pessoa idosa tenha como foco a atenção na sua comunicação.

Estímulo Multissensorial: faça uso de objetos, seja fotografia ou objetos que o idoso usa, por exemplo, no caso de saber se ele gostaria que penteasse o cabelo dele, mostre o pente, deixe perto dele e sinta a reação, caso ele tente chegar perto do pente ou caso mantenha uma postura calma, poderá avançar para realizar a ação.

É necessário compreender que o foco deve estar nas reações da pessoa idosa, onde a sua maior agitação vai demonstrar que ela não está confortável com aquela situação, em muitos casos, os idosos batem na mesa ou até em si próprio, em outros casos balbuciam mais alto, mas em todas essas situações a importância é compreender a necessidade da pessoa de demonstrar que não está satisfeita naquele momento.

Evite uma alteração de humor, evite exigir que o idoso realize alguma atividade que não se sente confortável, pois isso só fará com que ele fique em um estado de maior agitação e pode, em alguns casos, vir a tomar atitudes agressivas.

Os benefícios da comunicação não verbal com idosos com demência

A comunicação não verbal desempenha um papel crucial no cuidado e na interação com idosos que têm demência. À medida que a demência progride, a comunicação verbal pode se tornar desafiadora, mas a comunicação não verbal continua a ser uma ferramenta valiosa para garantir a preservação dos vínculos afetivos. Alguns benefícios são:

Expressão de Emoções: A comunicação não verbal permite que os idosos expressem suas emoções de maneira mais direta, já que gestos, expressões faciais e posturas corporais frequentemente são meios mais imediatos de transmitir sentimentos.

Facilitação da Compreensão: Idosos com demência podem ter dificuldade em entender ou processar informações verbais. A comunicação não verbal, como gestos e expressões faciais, pode ajudar a transmitir mensagens de forma mais clara e compreensível.

Estímulo à Participação: Atividades que envolvem comunicação não verbal, como dança, música, arte e jogos sensoriais, podem incentivar a participação ativa dos idosos, proporcionando uma experiência mais envolvente e estimulante.

Redução da Ansiedade: Uma abordagem de comunicação não verbal, que inclui toque suave, expressões amigáveis e movimentos calmos, pode contribuir para a redução da ansiedade e desconforto em idosos com demência.

Preservação da Dignidade: A comunicação não verbal respeita a dignidade dos idosos, especialmente quando a demência afeta a capacidade verbal. Isso ajuda a manter a integridade e o respeito pelo indivíduo.

Conexão Afetiva: Gestos de carinho, como abraços, apertos de mão suaves e contato visual, podem estabelecer uma conexão afetiva importante, promovendo um ambiente de segurança emocional.

Estímulo à Memória Emocional: A comunicação não verbal pode evocar memórias emocionais, permitindo que o idoso se conecte a experiências passadas por meio de objetos familiares, fotos ou música, mesmo quando a memória verbal é limitada.

Adaptação à Progressão da Doença: Conforme a demência avança, a comunicação não verbal pode ser adaptada de maneira mais flexível às mudanças nas habilidades cognitivas e linguísticas do idoso, facilitando a interação.

Fornecimento de Conforto: A comunicação não verbal, como toques suaves e expressões de carinho, pode oferecer conforto físico e emocional, criando um ambiente mais acolhedor e seguro.

Aumento da Qualidade de Vida: Ao utilizar estratégias de comunicação não verbal, os cuidadores e profissionais de saúde podem contribuir significativamente para a qualidade de vida dos idosos com demência, proporcionando interações mais positivas e significativas.

Ao implementar a comunicação não verbal, é importante estar atento às preferências individuais de cada idoso, ajustando a abordagem de acordo com suas necessidades específicas. Essa adaptação personalizada pode maximizar os benefícios da comunicação não verbal no contexto da demência.

 

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