Essa é uma pergunta recorrente entre os familiares. Isso porque o idoso em um quadro já inicial de Alzheimer, começa a esquecer as ações da vida cotidiana, sente-se inseguro quanto às informações que recebe e por isso passa a querer reforçar as suas afirmações. Esse é um episódio que inicialmente pode ser facilmente relevado. Mas que ao longo do tempo se torna uma situação exaustiva e muito incomoda para todos.
Nesse caso, é muito importante compreender que a melhor forma de lidar com essa situação é não confrontar! Nós devemos sempre ter em mente que essa situação não é fácil para a pessoa idosa também, visto que ela se sente muito desnorteada, insegura e muito necessitada de acolhimento.
Repetir a mesma resposta não é uma solução!
De primeiro momento, você responde o que a pessoa perguntou. Na segunda vez responde de novo. Na terceira vez já começa a ficar um pouco cansativa, pois você sente que já respondeu, já explicou, não é possível que a pessoa já esqueceu da sua resposta.
É importante entender que a questão aqui não é a resposta! A pessoa está desorientada na realidade em que ela está vivendo e afirmar ou não a verdade dela não resolve, pois não cessa a sua angústia. O que pode ajudar a fazer a pessoa se situar é muitas vezes desviar a atenção, uma outra opção que também não traz uma boa eficácia.
Mais importante do que a resposta ao que ela pergunta, é saber acolher quais são os seus sentimentos, para ser possível contornar a situação e principalmente para poder proporcionar a calma entre todos os indivíduos.
Acolhimento é melhor do que a resposta!
Quando a pessoa começa a perguntar várias vezes a mesma coisa, a nossa intenção é de logo responder e enfim acabar com o assunto, a fim de evitar o desgaste da repetição. Porém, muito mais do que a resposta, é o acolhimento. Isso porque nos momentos a pessoa se mostra muito agitada, confusa e principalmente muito angustiada, pois é uma situação de total estranheza para ela. Sendo assim, uma resposta rápida, as vezes até um pouco ríspida, por mais que seja sem intenção, não é uma solução boa.
É necessário acolher a angústia, entender qual é o motivo dessa situação para poder acolher, acalmar e redirecionar a atenção da pessoa idosa de forma clara, onde é necessário deixar claro que as emoções da pessoa são válidas e que são importantes, uma das melhores formas é garantir um ambiente agradável, evitar barulhos altos, buscar desligar a televisão, evitar conversas paralelas altas que podem causar mais agitação na pessoa idosa, garantir que seja um ambiente acolhedor para poder deixar a pessoa idosa mais calma e naturalmente diminuir a necessidade de repetir várias vezes a mesma pergunta.
Quando a pessoa se sente perdida, começa a apresentar uma agitação para ir embora, é possível oferecer um chá, uma poltrona para ela se sentar, principalmente em momentos em que a pessoa quer muito sair de casa, a melhor forma é tirar a atenção daquele momento, muitas pessoas fazem uso de uma mentira terapêutica.
O uso da mentira terapêutica: o que é?
A mentira terapêutica é uma forma de desviar a atenção da pessoa idosa com uma mentira, a fim de acalmá-la. Nós temos uma matéria completa sobre isso aqui em nosso blog, leia ela completa aqui.
Essa é uma das formas de desviar a atenção da pessoa idosa. Por exemplo, em um caso em que a pessoa diz que quer pegar o ônibus, a pessoa que cuida diz que só irá passar dali algumas horas e que ela tem que aguardar. Em alguns casos também se fala outras informações um pouco mais sérias, como no caso em que a pessoa idosa é viúva e vive perguntando se o companheiro vai voltar, que horas vai voltar ou então diz que tem que encontrar com ele, onde a pessoa responsável pelo cuidado diz que ela já irá chegar ou qualquer outra informação que não é verídica.
Esse tipo de estratégia não é benéfico para a pessoa idosa. Pois aumenta ainda mais a confusão da pessoa idosa e faz com que ela tenha menos consciência da realidade que ela vive, de forma que a mentira terapêutica a longo prazo não é benéfica, porque influencia ainda mais a degradação das poucas informações verídicas que a pessoa idosa ainda tem consciência, onde aumenta ainda mais a confusão em relação ao tempo, espaço e realidade.
Qual é a melhor solução? Desvie o foco sem desmentir a realidade!
A melhor solução é a mudança de foco, mas com base na realidade. É importante ajudar a pessoa idosa a mudar o foco da sua angústia, mas sem perder a noção de realidade.
Substituta um: “o seu marido [já falecido] está quase chegando, daqui a pouco ele já vai estar aqui”, por: “que horas o seu marido costumava chegar do trabalho? Onde ele trabalha? Faz muito tempo que ele trabalha lá?”.
Essa é uma forma de não precisar mentir para a pessoa idosa, mas sim de ajudá-la a se situar na realidade, de acordo com as recordações que ela consegue resgatar. Essas perguntas ajudam a direcionar a pessoa para buscar as informações no passado, além de ser um exercício de estimulação cognitiva.
Substitua um “sim, o senhor já vai sair, sente aqui para esperar o ônibus”, por: “mas qual ônibus é que o senhor costuma pegar? Qual é o horário que ele passa? E o senhor sabe me dizer o trajeto completo que o ônibus faz?”.
Essa é a melhor forma de lidar com a situação, sem fazer uso de métodos que possam vir a causar algum prejuízo para a pessoa idosa.
Nas unidades do Terça da Serra nós possuímos diversos treinamentos para lidar com essa e diversas outras situações, venha conferir uma das nossas unidades mais perto de você!