Qual a diferença entre demência e depressão?

Existe uma grande diferença entre a demência e a depressão, mesmo que muitas pessoas desconheçam quais são. Hoje vamos explorar um pouco sobre a importância de conhecer esses diagnósticos, para ser possível oferecer ao idoso o tratamento que mais se enquadra na sua necessidade.

 

A natureza da condição é distinta!

Não são todos os idosos que somente por ter uma idade avançada, tem demência! Isso porque a demência é um termo genérico que se refere a um grupo de doenças cerebrais progressivas que afetam a função cognitiva e a capacidade de realizar atividades diárias. Em alguns casos, isso pode se parecer bastante com os sintomas da depressão. Um exemplo para deixar claro: quando o idoso se recusa a tomar banho, no caso da demência, ele se recusa por não reconhecer aquela ação, no caso da depressão, ele se recusa por falta de motivação para realizar aquela ação.

Na demência, é possível reparar que a pessoa idosa possui maior agitação em determinados momentos do dia, visto que são momentos que despertam a sua confusão mental, deixam a pessoa desorientada, onde os episódios mais conhecidos são os de esquecimento de situações rotineiras e momentâneas, já na depressão, isso não acontece, a irritação é constante, sem um pico mais alto de alteração de humor, pois é um distúrbio do humor caracterizado por sentimentos persistentes de tristeza, falta de interesse e também por prazer em realizar atividades.

 

Como identificar os sintomas?

Os sintomas da depressão consistem em maiores alterações de humor, geralmente com uma constante mais elevada para sentimentos negativos como a tristeza, a raiva, a amargura e o ressentimento. A pessoa idosa constantemente se sente insatisfeita com as tarefas do dia a dia, não se sente motivada para interagir, tem menores episódios de agitação, do que na demência.

A demência apresenta maiores quadros de confusão mental, onde a pessoa idosa frequentemente se pergunta diversas vezes sobre algum assunto específico, seja sobre uma pessoa, seja sobre um lugar, muitas vezes não reconhece o espaço em que está naquele momento, deseja sair, além de em alguns episódios mais graves ser capaz até mesmo de se tornar agressiva.

A depressão é capaz sim de trazer problemas de memória, mas em uma pessoa com demência são gatilhos para gerar confusão mental. O mesmo acontece com a perda de expressão verbal, o que acontece tanto na demência quanto na depressão. Entretanto, na demência a perda de expressão, a falta de comunicação se dá pela pessoa idosa se sentir muitas vezes perdida, é capaz de verificar um “olhar vazio” em muitos casos, onde essa falta se dá pela sua desorientação, já no caso da depressão, a falta de expressão verbal se dá pela falta de motivação em falar, pela crença de que suas palavras não valem seu esforço e pela concepção de que não serão ouvidas.

Além disso, as queixas sobre as alterações são muito mais relatadas pelas pessoas idosas que possuem depressão, devido ao seu alto nível de consciência, o que não acontece nos quadros de pessoas com demência, que gradativamente perdem essa consciência das suas alterações cognitivas, motivo esse que as deixa em estado de confusão mental em muitos casos.

E o sintoma principal que diferencia as duas doenças: a memória. Essa capacidade cognitiva não é afetada na depressão de forma degenerativa, enquanto na demência é o sintoma mais exponencial e que avança de forma progressiva.

 

Identificar previne tratamentos errôneos

É importante que tenhamos muita clareza dessas diferenciações, para ser possível acompanhar a pessoa idosa no tratamento mais adequado. A demência é uma doença que ainda não possui cura, mas que é gerenciada com medicamentos e diferentes tipos de terapia, a fim de retardar o seu progresso e amenizar os sintomas. Já a depressão é uma doença tratável, sendo feito uso de psicoterapia, medicamentos antidepressivos, apoio social e mudanças no estilo de vida.

Os profissionais de medicina são capazes de identificar sintomas, bem como os gerontólogos são responsáveis por compreender as formas de trabalhar a estimulação cognitiva e a socialização das pessoas idosas, enquanto os psicólogos são capazes de acompanhar e realizar o tratamento comportamental da pessoa idosa com depressão, e o fisioterapeuta é o profissional responsável por garantir que a pessoa idosa se mantenha em movimento e preserve a sua saúde física, entre muitos outros profissionais capazes de compor os cuidados que essas pessoas podem precisar, a fim de criar um plano diferenciado de atendimento tanto para tratamento das duas doenças, como alívio dos sintomas. Vamos explorar um pouco mais sobre a diferença dos tratamentos realizados para as duas doenças.

 

Algumas abordagens de tratamento para a demência são:

Medicamentos: Alguns medicamentos podem ser prescritos para ajudar a aliviar os sintomas da demência, como inibidores da colinesterase que podem melhorar a função cognitiva em alguns casos. Em alguns tipos de demência, como a demência com corpos de Lewy, podem ser usados medicamentos específicos para tratar sintomas como alucinações.

Terapia Comportamental: Terapias comportamentais, como a reabilitação cognitiva, podem ser usadas para melhorar a função cognitiva e a independência nas atividades diárias.

Cuidados de Suporte: Oferecer um ambiente seguro e de apoio é fundamental. Isso pode envolver ajustar o ambiente para atender às necessidades do paciente, fornecer cuidados pessoais e garantir que a pessoa tenha uma rede de apoio adequada.

 

Abordagens de Tratamento para Depressão em Idosos:

Psicoterapia: A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é frequentemente eficaz no tratamento da depressão em pessoas idosas. A terapia ajuda os indivíduos a identificarem e modificar pensamentos negativos e padrões de comportamento que contribuem para a depressão.

Medicamentos Antidepressivos: Os medicamentos antidepressivos, como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) ou inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), são frequentemente prescritos para tratar a depressão em idosos. A escolha do medicamento depende do perfil do paciente e dos efeitos colaterais.

Exercício e Terapia Ocupacional: A atividade física regular pode ser benéfica para o humor e a função cognitiva em pessoas idosas com depressão. A terapia ocupacional pode ajudar a reintroduzir atividades significativas na vida do paciente.

Apoio Social: Manter uma rede de apoio social é crucial para idosos com depressão. O envolvimento com amigos, familiares ou grupos de apoio pode oferecer suporte emocional.

Tratamento Integrado: Em muitos casos, uma abordagem integrada que combina psicoterapia e medicamentos pode ser eficaz para o tratamento da depressão em idosos.

Educação e Prevenção: É importante educar idosos, suas famílias e cuidadores sobre a depressão e os fatores de risco associados. A prevenção envolve a identificação e o tratamento precoce da depressão.

É importante notar que a depressão pode coexistir com a demência, o que pode dificultar o diagnóstico e o tratamento. Portanto, é fundamental que uma equipe profissional de saúde qualificado realize uma avaliação completa para determinar a causa dos sintomas em pessoas idosas e desenvolva um plano de tratamento adequado com base na avaliação clínica e nos testes diagnósticos.

 

Aqui no Terça da Serra, nós temos uma equipe completa para trabalhar com todo tipo de pessoa idosa, onde os nossos profissionais recebem formação contínua, a fim de oferecer o melhor tratamento e realizar um plano individualizado de cuidado para o seu familiar idoso. Venha conhecer uma das nossas unidades e conferir o nosso instagram.

 

Compartilhe este artigo