O que aprendemos sobre Etarismo com esses 4 ganhadores do Óscar 2023?

Você já deve ter ouvido o termo “etarismo”, não é mesmo? Ele ganhou bastante repercussão na internet na última semana. O Etarismo nada mais é do que o preconceito com as pessoas mais velhas. E esse preconceito pode se manifestar em diversas áreas da vida, como no trabalho, na vida pessoal, nos estudos (como vimos o caso da estudante de 40 anos que sofreu etarismo das alunas mais jovens da faculdade) e em outros inúmeros espaços.
Cada vez mais a nossa sociedade mundial passa pelo fenômeno do envelhecimento global, com menor número de crianças nascendo e maior número de idosos surgindo e se tornando cada vez mais longevos.

Em contraponto a isso, essa edição do Óscar teve quatro protagonistas com mais de 50 anos, conquistando a tão sonhada estatueta de ouro nas categorias mais desejadas. Mas além disso, eles conquistaram o coração de milhares de pessoas com suas trajetórias de vida incríveis!

E como para nós o Etarismo é coisa do passado, queremos te contar um pouquinho das histórias de vida incríveis dessas pessoas que quebraram padrões e nos ensinaram que a idade não é limite para nada!

 

Brendan Fraser (54 anos)

Hoje talvez seja difícil reconhecer, mas ele ficou eternizado na memória de várias famílias dos anos 90 por ter atuado como o protagonista do filme George, o Rei da Floresta. Talvez com a sua atual fisionomia fique ainda mais difícil reconhecer o icônico personagem, mas é porque após a sua trajetória de sucesso e de fama, o ator passou por um pesado drama em 2003 ao ter sofrido com um episódio de assédio sexual de um grande jornalista influente no meio Hollywoodiano, o que minou a saúde mental do ator e fez com que ficasse 15 anos em silêncio.
O caso veio à público em 2018, o que permitiu com que Brendan novamente tentasse engatar a sua trajetória no meio cinematográfico, onde fez algumas participações em alguns filmes, mas nada comparado com a sua atuação no filme “A Baleia”.
No filme, Brendan entregou todo o seu potencial em um drama muito impressionante, onde o seu protagonista é um homem com obesidade mórbida e desenvolve diversos dilemas com seus familiares e pessoas próximas. O ator mesmo afirmou em seu discurso que “esse é o papel de sua vida”.
Essa é uma trajetória incrível que nos mostra que o ator no auge dos seus 54 anos conquistou algo que muitos poderiam considerar já “impossível”. Ainda mais pelo fato de que estava há muitos anos fora das telas.
Mas cabe aqui a reflexão que enquanto um galã mundialmente famoso, o ator Brendan não conquistou o que com 54 anos e um papel totalmente oposto lhe ofereceu: o Óscar. Nem tudo é sobre aparência, sobre ser jovem, mas muito é sobre ter maturidade, conseguir entregar o seu melhor, mesmo depois de diversas adversidades da vida. Parabéns ao ator por tamanho empenho!

 

Michelle Yeoh (60 anos)

Uma mulher asiática natural da Malásia, barrada de seus sonhos de se tornar uma grande bailarina devido a uma fratura na coluna. Ela sempre esteve presente no mundo da arte, onde estreou nas passarelas de Hollywood no filme Saga 007 – “O Amanhã Nunca Morre” e teve participação em filmes clássicos de grande sucesso como: O Tigre e o Dragão (2000); Memórias de uma Gueixa (2005); Guardiões da Galáxia (2017).
Desta vez, pela primeira vez em telas americanas, a atriz foi protagonista na comédia “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”, que conquistou o coração da academia e levou o título de primeira mulher asiática a ganhar a premiação de melhor atriz, um marco para a diversidade e inclusão de outras culturas nas premiações do Óscar.
É importante destacar que ela só conquistou o seu espaço e o seu reconhecimento no auge dos seus 60 anos. Mas ela nunca deixou de realizar as suas participações em diversos filmes, a fim de buscar o sonho que era a conquista da sua estatueta.
No seu discurso durante o Óscar, a atriz fala sobre o etarismo e pede que as mulheres não deixem que ninguém diga a elas que elas já passaram “da melhor época”, pois ela mostra com maestria que em filmes anteriores, em que se esforçou para obter a destreza do ballet para realizar golpes marciais, nada foi tão significativo quanto o seu papel em uma comédia sensível, realista e muito tocante.

 

Jamie Lee Curtis (64 anos)

Para as famílias que assistiram muita sessão da tarde na Globo nos anos 90, a nossa eterna Tess Coleman, do clássico de comédia “Sexta-feira muito louca”, onde contracenou com Lindsay Lohan que fazia o papel de sua filha, conquista aos 64 anos seu primeiro Óscar.
Não é apenas sobre conquistar o Óscar, pois toda a sua trajetória já foi marcada por diversos tipos de premiações. Ela já recebeu dois Globos de Ouro e um People’s Choice Awards pela sua atuação em uma série de comédia americana chamada ABC, teve ao total sete indicações para o Globo de Ouro. Além disso, Jamie vem de uma família de grandes atores, já que seus pais também ganharam um Óscar.
Ela sempre foi ativista dos direitos da mulher, sempre teve uma carreira incrível, mas nada supera a emoção de uma conquista tão grande sonhado Óscar. No seu discurso ela apresenta uma profunda humildade e enorme surpresa em ter sido escolhida por sua atuação de Atriz coadjuvante no filme “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”. Essa é uma forma de mostrar a potência que uma mulher madura tem, além da competência que pode entregar, independentemente da idade. Como Michelle disse em seu discurso, não há uma idade certa para se conquistar nada, todo tempo é um tempo válido para correr atrás dos sonhos.

 

Ruth E. Carter (62 anos)

A primeira mulher negra a levar duas Estatuetas do Óscar, com dois filmes com protagonismo negro, é muita representatividade, não é? Sim, Ruth ganhou as duas estatuetas com o filme Pantera Negra e a sua continuação, dois filmes que potencializam e valorizam o protagonismo das pessoas negras de forma muito bem elaborada, com foco na valorização nas raízes africanas.
É incrível pensar o quanto a longevidade é capaz de nos oferecer, ela com um olhar aguçado, muita maturidade e um conhecimento fora do comum foi capaz de fazer pesquisas nos países africanos que seriam a base dos seus estudos, a base da conquista da sua tão merecida premiação, o que se tornou a repetir com a continuação do filme e a validação da academia do seu excelente trabalho.
Durante o seu discurso, ela faz uma homenagem para a sua mãe que faleceu na semana anterior com 101 anos, uma mulher longeva, com certeza!
Esse é um exemplo claro da força que a longevidade tem, e como não deve ser uma justificativa para nos afastar das nossas atividades profissionais, muito pelo contrário, deve ser a nossa fonte de inspiração para colocar em prática um conhecimento desenvolvido ao longo de tantos anos, além disso, um exemplo muito claro de resiliência e de representatividade negra.

 

Nós estamos envelhecendo todos os dias. E devemos levar isso como algo positivo, porque envelhecer é um privilégio de quem não morre cedo.
E se você quiser se aprofundar um pouco mais no tema de envelhecimento, temos uma matéria superespecial aqui em nosso blog com alguns filmes que ajudarão a mudar seu pensamento, é só clicar aqui.

 

Compartilhe este artigo