Atividades físicas para a prevenção de quedas e dicas práticas para incluir no dia a dia

Todas as pessoas que convivem com um ente querido que é idoso tem a mesma preocupação: tentam de todos os modos, prevenir quedas e evitar que o idoso caia tantas vezes, que perca a sua confiança no equilíbrio e fique mais propenso a ter uma recorrência desses episódios. Os leitores assíduos do blog do Terça da Serra, sem dúvida já leram sobre a importância da atividade física nessa idade, e hoje vamos nos aprofundar um pouco mais sobre como essa prática pode ser potencializada da melhor forma, para garantir maior tranquilidade na vida cotidiana.

 

Quais os motivos da maior incidência de quedas na terceira idade?

Pela falta de maiores fontes de informação, por vezes compreendemos que as pessoas idosas podem ser mais propensas a sofrer quedas, mas nós não entendemos os motivos para isso. É claro que cada caso é específico, justamente pelo fato de cada pessoa tem as suas necessidades, mas podemos elencar aqui alguns dos motivos mais comuns que ocasionam as quedas:

Sistema vestibular: nós, à medida que envelhecemos, podemos sofrer com alterações no sistema vestibular, localizado no ouvido interno. Esse sistema desempenha um papel crucial no equilíbrio, detectando a posição da cabeça e os movimentos do corpo. Essas alterações podem afetar a noção de equilíbrio da pessoa.

Perda de massa muscular: é comum que as pessoas idosas que possuem um estilo de vida sedentário tenham um emagrecimento prejudicial, onde perdem massa muscular e torna assim o corpo mais frágil, pois ocasiona na diminuição da flexibilidade nas articulações. Músculos mais fracos e articulações menos flexíveis podem impactar a capacidade de manter o equilíbrio e responder rapidamente a mudanças nas condições ao redor.

Sistema Nervoso Central: o sistema nervoso central, incluindo o cérebro, desempenha um papel vital no controle do equilíbrio. Com o envelhecimento, pode haver uma redução na capacidade de processamento de informações sensoriais e na coordenação motora, afetando a resposta do corpo às mudanças no ambiente.

Esses são apenas alguns dos principais fatores de caráter cognitivo e neurológico, mas é claro que também existem fatores externos que podem ocasionar queda: má escolha do uso de um sapato adequado (temos uma matéria sobre isso aqui, clique para ler), além do uso de tapetes na casa e objetos que podem dificultar a locomoção da pessoa idosa. Além disso, também temos uma matéria aqui sobre o que fazer após a queda da pessoa idosa, a fim de oferecer dicas para que você possa lidar com a situação junto ao seu familiar (clique aqui para lê-la).

Alguns estudos acadêmicos apontam para as os riscos de quedas com 95,8% devido a dificuldades visuais, 95,8% pela ausência de antiderrapante, 75% devido a medicações, 70,8% por dificuldades visuais e 62,5% por quarto não familiar. (Artigo da Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício)

Devemos ter em consideração todos esses fatores para prevenir as quedas das pessoas idosas. Compreender que o ambiente também precisa ser seguro para garantir que o idoso não venha a entrar em um quadro de recorrência de quedas é muito importante, pois isso implica no aumento da sua dependência, maior conforto e autonomia para andar e realizar as suas atividades da vida diária sozinho.

Além disso, é sempre importante lembrar que pessoas idosas precisam ser acompanhadas por um profissional de fisioterapia capaz de oferecer um plano de exercícios focado no fortalecimento muscular. Temos uma matéria completa sobre isso aqui (leia ela aqui), visto que embora seja importante estimular os exercícios em casa, devemos ter em conta que a sua execução feita de forma incorreta pode trazer muitos riscos para a saúde da pessoa idosa.

 

Devemos aprender a cair para prevenir quedas!

Um dos maiores receios dos familiares, é que uma pessoa idosa sofra uma queda e com isso, sofra alguma lesão séria. Essa é uma preocupação comum e pertinente, mas que deve ser trabalhada com foco na aprendizagem para cair da forma correta! Isso porque, pode ser que nem sempre seja possível evitar a queda, mas que seja possível evitar os seus danos.

Temos diversos tutoriais on-line de exercícios de flexibilidade, fortalecimento e equilíbrio, capazes de trabalhar para que estejamos mais propensos a nos locomover com menor chance de sofrer uma queda. Mas isso não quer dizer que o idoso esteja livre de viver situações inusitadas assim como todas as outras pessoas. Seja por um piso molhado no chão do banheiro, ou um buraco na rua que não estava tão perceptível, entre muitas outras situações que podem ocorrer sem que a culpa seja a estrutura física da pessoa idosa.

Quando nós somos crianças, somos ensinados a colocar as mãos a frente do corpo quando caímos, a fim de evitar danos ao rosto e na cabeça, partes mais sensíveis aos danos de uma queda. Diante disso, a criança é estimulada a engatinhar, a fim de adquirir o equilíbrio inicial para posteriormente andar de pé, e conforme o seu corpo vai se desenvolvendo. Porém, depois de uma certa idade, é possível que os reflexos já não sejam os mesmos, de forma que nem sempre será possível cair com as mãos a frente do corpo. Uma das coisas que piora a queda é o medo, o que faz com que o idoso muitas vezes se desespere e não tenha postura para evitar danos maiores.

Em Portugal, no município de Leiria e Marinha Grande existe um projeto chamado “Avós (z) do Judô”, onde idosos tem aulas adaptadas de Judô para aprender a melhor forma de cair. Lá eles aprendem como rolar no chão, caso não consiga se levantar para pedir ajuda, por exemplo.

A ideia do projeto não é apenas evitar quedas, mas conscientizar os idosos de como agir, caso elas aconteçam e como eles podem pedir ajuda, caso venham a precisar. É claro que o objetivo principal é evitar o número de quedas, mas é também fortalecer a autoconfiança dessas pessoas para fortalecer a sua autonomia.

 

As artes marciais e a prevenção de queda

A cultura oriental é muito conhecida pelas artes marciais. Além de serem a população com os mais altos índices de longevidade bem-sucedida ao longo do tempo, com uma cultura holística milenar que nos convida a comungar entre o corpo e a mente para obter paz e uma vida tranquila. As artes marciais, principalmente o Tai Chi Chuan, conhecido por ser uma forma de meditação em movimento é uma das práticas de artes marciais mais benéficas para oferecer equilíbrio para a pessoa idosa, visto que a sua prática se baseia em “vencer o movimento atrás da quietude, da suavidade e lentidão”, conforme escrevem os mestres dos textos clássicos do Taiji Quan.

A Unicamp (Universidade de Campinas) realizou um estudo em que as práticas de aikidô e judô são consideradas benéficas para a prevenção de quedas, pois são atividades que trabalham o equilíbrio, mas também trabalham a vulnerabilidade da queda, tudo isso em um trabalho de disciplina da mente para obter o melhor potencial dos seus alunos.

Além disso, temos outras práticas de artes marciais mais desenvolvidas e que envolvem mais movimentos corporais, como o jiu-jitsu. Entretando, essas são atividades mais direcionadas para o desenvolvimento da força, o que também pode ser um exercício benéfico, de acordo com o perfil de cada pessoa.

A ideia aqui é apresentar um pouco da cultura ocidental das artes marciais como uma verdadeira possibilidade de ser uma opção para a pessoa idosa. Ainda vemos hoje o mercado pouco aquecido para incluir as pessoas idosas em atividades físicas que deste gênero e devemos pensar: quais seriam os benefícios de existirem academias de Judô e de Tai Chi Chuan para pessoas mais velhas? Muitos! Trabalhar a intergeracionalidade de crianças e idosos equilibrando o corpo e a mente juntos, são infinitas as possibilidades a serem exploradas.

E antes de encerramos o assunto, vamos deixar algumas dicas práticas para a prevenção de queda no dia a dia.

 

Dicas práticas para o dia a dia para a prevenção de quedas

Iluminação adequada: Mantenha ambientes bem iluminados, principalmente áreas de passagem, escadas e corredores. Use luzes noturnas em locais estratégicos para facilitar a navegação durante a noite.

Remova obstáculos: Mantenha corredores, escadas e áreas de circulação livres de obstáculos, como tapetes soltos, fios elétricos ou objetos no chão. Use fitas antiderrapantes em tapetes.

Calçados adequados: Use calçados confortáveis e com sola antiderrapante. Evite sapatos com solas gastas, saltos altos ou chinelos ao caminhar fora de casa.

Corrimãos e apoios: Instale corrimãos seguros nas escadas e corredores. Considere a instalação de barras de apoio no banheiro e próximo a áreas de maior risco.

Exercícios de equilíbrio: Pratique exercícios específicos para melhorar o equilíbrio e a coordenação. Yoga, tai chi e fisioterapia podem ser benéficos para fortalecer os músculos e melhorar a estabilidade.

Uso de cadeiras e bancos estáveis: Ao realizar tarefas que exigem tempo em pé, use cadeiras ou bancos estáveis para descansar e evitar a fadiga.

Atenção aos medicamentos: Converse com o médico sobre os efeitos colaterais de medicamentos, especialmente aqueles que podem causar tonturas ou sonolência.

Tapetes antiderrapantes no banheiro: Use tapetes antiderrapantes no chão do banheiro, dentro e fora do box.

Adaptações em casa: Considere fazer adaptações em casa, como a instalação de barras de segurança e a elevação de assentos do vaso sanitário, para tornar o ambiente mais seguro.

Mantenha-se ativo: O exercício regular ajuda a fortalecer músculos, melhorar a coordenação e a flexibilidade, reduzindo o risco de quedas.

 

No Terça da Serra temos uma equipe de arquitetos especializados e responsáveis por toda a adaptação das nossas unidades, a fim de oferecer maior conforto e menor risco de quedas aos nossos hóspedes. E claro, também contamos com profissionais de fisioterapia em cada uma de nossas atividades, com foco em manter a autonomia e independência de cada um deles. Venha conhecer uma das nossas unidades e ver de perto as nossas instalações!

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