Cada vez mais temos visto vários estudos sobre envelhecimento, temos ido mais a fundo em entender melhor sobre essa etapa da vida e as suas transformações. Diante disso, surgem novos termos para designar algumas particularidades que antes não tinham nome, mas que nos ajudam a definir o que é que sentimos e vivemos, por isso, hoje iremos abordar sobre o termo “envelhescência”.
O que significa a palavra “envelhescência”? É uma adolescência na velhice?
Não exatamente! Cada etapa da vida é única! Entretanto, nós sabemos que a fase da adolescência é uma fase da vida de descobrimentos, mudanças hormonais e físicas, sendo um período de transição para a fase adulta.
A partir dos 45 anos passamos por mais uma fase de transição da vida adulta para o envelhecimento. Uma espécie de adolescência da vida adulta, onde também são observadas mudanças físicas e psicológicas e, principalmente, a entrada na famosa “geração sanduíche” (temos uma matéria sobre isso, clique aqui para ler).
Nesse período da vida, em alguns casos, essas pessoas se encontram na dupla ou na tripla função de cuidadores: cuidar dos pais e dos filhos, e em alguns casos, até dos netos. Além de todo esse envolvimento familiar de compromisso com o cuidado, a pessoa vivencia as mudanças iniciais do próprio corpo, algumas mudanças hormonais, o que também pode desencadear insights sobre a vida, seja pelo medo ou pelo prazer de estar envelhecendo.
A envelhescência é um período da vida em que nos sentimos vitais, mas já não tão jovens de corpo. Nós começamos a sentir algumas reações e vivenciar situações que com menos idade não aconteciam e muitas pessoas passam a perceber a importância de cuidar da própria saúde.
É importante determinar que todo o processo de envelhecimento é muito subjetivo, de forma que quando o termo “envelhecência” foi criado por Manoel Berlinck referia-se ao período dos 45 aos 65. Porém, com as mudanças demográficas, esse período já pode sofrer alteração e ser classificado em um pouco mais tardio, de acordo com cada pessoa. Além disso, pode também não acontecer, de acordo com a forma que cada pessoa encara o seu próprio processo de envelhecimento e de finitude.
O lado bom da envelhescência
Segundo o jornalista e escritor Mário Prata “[…] a envelhescência nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim com a adolescência é uma preparação para a maturidade” em sua crônica publicada em 1997. Ele brinca com a ideia de que nós voltamos a ser adolescentes para esconder as coisas dos nossos filhos e voltarmos a sentir a liberdade de fazer o que queremos, sem julgamentos, mas com um novo sabor de entender muito mais sobre a vida do que um adolescente.
O autor nos remete para a concepção de que durante esse período da vida, de forma antagônica aos adolescentes, as pessoas diminuem o seu ritmo, tentam olhar mais ao seu entorno, buscam mais sentido para a própria vida e se deleitam muito mais com as simplicidades do cotidiano. Afinal, envelhecer é uma dádiva e os “envelhescentes” passam a entender isso vivendo um dia após o outro.
Carlos Araujo Carujo em seu livro “Envelhescência: O Show da Quarta Idade” apresenta o período da envelhescência como o momento exato de recuperar os danos da juventude, buscar hábitos que permeiem um envelhecimento mais ativo e mais saudável, pois é uma etapa que já temos consciência corporal suficiente para entender quais são as ações que precisamos adotar no nosso dia a dia.
A envelhescência é o momento crucial para decidir como você irá envelhecer: quem quer manter por perto, onde quer morar com uma idade mais avançada, como quer planejar a sua aposentadoria (de forma mais concreta do que na vida adulta mais jovem), além de poder tomar decisões mais importantes sobre a vida. Um exemplo muito claro são as diretivas antecipadas de vontade, se você não conhece esse termo, temos uma matéria sobre isso, leia aqui. Esse é um momento de refletir sobre os cuidados durante um período mais avançado da vida, em caso de uma doença com risco a vida, delimitar que cuidados e que cuidador quer ter quando chegar a hora, entre muitas outras decisões que são cruciais de serem tomadas durante um período preventivo e não de urgência, para que possamos estar preparados para pensar com mais clareza.
Quais são os fatores que contribuem para uma boa envelhescência?
Fatores em geral, são muitos, mas o principal é: a consciência. Devemos ter clareza e consciência de que a vida é finita e de que nós somos os principais responsáveis por definir como ela será vivida, de forma que os nossos hábitos, as nossas relações, as nossas metas, tudo isso traçará o caminho para o envelhecimento que nós estamos construindo.
Vamos listar aqui algumas matérias que falam um pouco sobre processos importantes para o envelhecimento que devem ser pensados a partir da envelhescência:
– A gratidão como preventivo de envelhecimento (matéria aqui) – é muito importante para compreender o quanto essa atitude tem efeitos comprovadamente benéficos para uma vida com mais sentido e satisfação.
– Trabalhar a ansiedade filial (matéria aqui) para poder compreender que o envelhecimento dos pais também é um reflexo do próprio envelhecimento, de forma que devemos nos espelhar nas coisas boas e ruins que os nossos pais fazem para definir como é que nós iremos envelhecer.
– Realizar um planejamento financeiro na terceira idade (matéria aqui) para poder desfrutar desta fase da vida sem sobressaltos, com consciência e tranquilidade.
– Fomentar as relações intergeracionais e entender a sua importância (matéria aqui) para uma envelhescência cercada de uma rede de apoio.
– Estimular a própria espiritualidade (matéria aqui) para compreender quais são os seus benefícios, a fim de desenvolver uma consciência da própria existência, independente de uma religião.
– Realizar atividades físicas para prevenir um envelhecimento frágil (matéria aqui), para que seja possível manter a autonomia e independência ao longo dos anos.
Entenda melhor sobre a envelhescência
Além do livro de Carlos Araujo Carujo intitulado “Envelhescência: O Show da Quarta Idade”, para as pessoas que preferem compreender esse conceito de forma mais visual, indicamos o documentário “Envelhescência” do canal Além do Aposento no Youtube, clique aqui para assistir!
Para complementar o assunto, trouxemos algumas entrevistas importantes com duas grandes profissionais na área do envelhecimento para pensar sobre o processo de envelhecimento:
Episódio “Velhice: potência de vida ou sinônimo de “lixo social”?” com a Dra. Ruth Lopes no Café Filosófico
Entrevista com a Dra. Ana Claudia Quintana Arantes sobre “Como preparamos nossa mente para a Velhice”
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